sábado, 17 de março de 2012

A casa de cor distinta

Era a casa da cidade que morreu e esqueceram de enterrá-la,
alguns diziam.
Todavia, apesar do aparente silêncio havia vida ali.

E na casa de cor distinta moravam sonhos, desejos, angústias, tristezas, alegrias, aventuras.
E nessa casa da chave impressa na parede como uma tatuagem viviam
a porta indecisa,
a porta que nunca fechava,
a porta que preferia ficar aberta,
a porta da fantasia,
a porta das tormentas,
a porta da calmaria,
a porta do silêncio.
Já a porta tímida era comum a todas as casas independente de suas cores.

E no seu 'jardim secreto' perto do 'labirinto do fauno' há anos vive uma macieira que quer atingir o céu.
Para alguns ela deveria ter forma de um bonsai.
Para outros, como 'o jardineiro fiel' esse é o desejo dela e por seguinte seu destino.
"Agora é tarde para mudá-la. Macieira é macieira. Crescendo ao natural e ponto final."

E assim na casa de cor distinta
a chave tatuada continuará lá.
A porta indecisa talvez um dia deixará essa sua particularidade.
A macieira crescerá até onde tiver forças.
E a cidade "morta" permanecerá com seus fantasmas.

Contudo, haverá sempre
chaves,
portas,
macieiras,
cidades
e suas idiossincrasias atrativas.

CD - 10/03/2012

5 comentários:

Valéria Barros Nunes disse...

eita que esta casa parece eu!!
amei!

Lidia disse...

Que lindo, xuxu!

Ana Silva disse...

Pela casa, pela cidade, portas e árvores, transparece gente.

Carpe Diem disse...

Obrigada meninas!!
Estes são fragmentos de uma tarde de conversa com uma amiga paulista descendente de japoneses que mora na mesma cidade que eu. Ela está casada há mais de 20 anos com um inglês que fala um português paulistano melhor que ela (rsrs)e vivie viajando pelo Brasil.
"A casa de cor distinta" é uma homenagem a nossa amizade e aos conflitos vividos em terra estrangeira. E tudo começou porque ela não gosta da cor da casa dela. hehehe

Valéria Barros Nunes disse...

escritora nata você é, um tema um texto