segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

lembrei de Raquelita


Trabalhar onde eu trabalho tem suas vantagens. Sempre se descobre algo legal meio que sem querer... Hoje, pesquisando sobre a escritora norte-americana Charlotte Gilman, acabei chegando a um centro de artes português. Tem um bocado de coisa boa por lá, inclusive outras obras do mesmo cara que pintou essa tela aí - Mapa de Pele - Gilberto Gaspar. Para quem quiser dar uma olhada: http://www.directoriodeartes.com/ e http://centrodeartes.blogs.com/

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

farofa






Domingo no parque. Frango, maionese, saladinha (pr'os menos selvagens) e farofa.

Cerveja e mais alguma coisa pra beber. Gente amiga, fotogênica (como podem perceber...) e tiradora de sarro. Presentes e criatividade. Assim se faz um típico amigo secreto.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

quintal de casa

quintal de casa

ando meio assim, sem bells, querendo que os dingles se explodam. fico pensando o q aconteceria se as renas cagassem lá do céu, estou certa q cairia na minha cabeça oca, à toa, à toa, ando assim...

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006


O que tu querias estar fazendo agora? Ou, melhor, onde querias estar agora? Eu queria estar na praia. De preferência lá na Armação, mas poderia ser em qualquer uma. Maresias, Guarda, Saquarema, Ingleses, Rosa, qualquer uma. Poderia ser até em Guarapari.

Há mais de um mês, desde que comprei minha passagem para ir à Florianópolis, não penso em outra coisa. Acordada e dormindo. Tenho sonhado quase todos as noites com praia: eu na areia, eu no mar, eu surfando - até com isso, que infelizmente não faço, tenho sonhado.

Para piorar, ainda fico alimentando a tortura - que a contagem regressiva (faltam 16 dias) já me imprime - ao ouvir insistentemente um cd do Jack Johnson. Para quem não conhece, o cara é havaiano, é surfista e faz música de praia. Não sei como explicar isso, mas é mais ou menos assim: coloca o som do do cidadão para tocar, fecha o olho e fica achando que está na praia. Ou não, nem fecha o olho que não precisa... Eu, sem medo de ser feliz, até danço pela casa. O Luis e a Caetana, em diferentes graus, me acompanham na viagem.

Mas voltemos à praia. Eu adoro praia... Sabe, morar em Brasília me permitiu conhecer uns lugares lindos: Itiquira, Pirenópolis, Chapada dos Veadeiros - lugares com cachoeiras maravilhosas, visuais chapantes e sol - aquele sol de lascar do cerrado, mas nada (nada que eu tenha visto até agora, pelo menos) se compara ao mar. É um negócio de louco, aquela coisa que teus olhos não conseguem dar conta, aquele sal que fica impregnado na gente... Ai, que saudade.


Saudade de ficar dentro d'água até os dedos murcharem. Saudade de jogar taco na praia até anoitecer e depois cair no mar. Saudade de pegar jacaré e comer milho cozido com aquele temperinho arenoso... Saudade de ficar de bobeira, desenhar na areia e plantar bananeira com os guris da minha irmã.

Agora falta pouco, ainda bem.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Regulagem...

Deve ter acabado ainda há pouco a audiência pública realizada aqui em Brasília pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para discutir a resolução sobre as novas regras para a propaganda comercial de bebidas alcoólicas.

Pela proposta, as propagandas de bebidas como cervejas e vinhos não vão poder sugerir o consumo com cena, ilustração, áudio ou vídeo que apresente a ingestão do produto, nem associar o efeito do consumo a estereótipos de sucesso e integração social. Além disso, não vão poder usar recursos gráficos e audiovisuais do universo infanto-juvenil. Eu achava que isso já era proibido (lembram da Tartaruga da Brahma?), assim como o uso de modelos com menos de 25 anos. Não é não?

Também vai ser obrigatória a inserção de mensagens de advertência sobre a dependência decorrente do consumo de bebidas alcoólicas e sobre possíveis conseqüências desse consumo, como os acidentes de trânsito.

Achei engraçado descobrir que existem mais de 130 projetos de lei tramitando atualmente no Congresso Nacional que versam sobre esse tema. Alguns apresentados há mais de 11 anos. E agora vem a Anvisa embolar o meio de campo, interferindo no papel do Congresso, já que, de acordo com a Constituição Federal, somente deputados e senadores podem regular a propaganda por meio de lei.

Para ficar um pouco mais confusa, fui dar uma olhada no site do Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária). Me pareceu que os caras estão sendo ágeis e sérios nos seus 25 anos de atuação, julgando, absolvendo ou condenando mais de 4 mil casos processuais contra anúncios, a partir do Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária. Espiando em “decisões e casos” no endereço http://www.conar.org.br você pode ter uma idéia do que eu falo.

Aí me perguntei: Para que então essa história? E não consegui responder. Lembrei da lei que restringe a propaganda - e o uso também - de cigarros e que está em vigor há quase 6 anos. Será que é tempo suficiente para vermos resultados? Queria ter encontrado algum estudo acerca disso, mas não (Se alguém encontrar, mande, por favor). Na prática, não conheci ninguém nesses 6 anos que tenha deixado de fumar por conta daquelas horrendas fotos que estampam os maços de cigarros.

Acredito que com as bebidas alcoólicas a coisa não seria diferente. E mais: me parece muito fácil limitar a publicidade de cerveja, por exemplo, levantando uma bela bandeira pela saúde pública, e deixar de lado problemas mais difíceis de resolver, como coibir realmente a venda de álcool a menores de idade. E do que adianta impor tantas restrições aos intervalos comerciais se, no caso da televisão, a 'porcariada' maior não está neles, e sim na programação das emissoras?

O mercado publicitário brasileiro é bom (Exceto o de Brasília. Aliás, alguém sabe quem é o responsável pelas ridículas campanhas do Big Box??); por que não deixam os caras se regularem em paz?

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Banzo


A Ilha é Mulher.

Sempre se soube que a Ilha é mulher, gênero bem feminino, espécie cheia de curvas, com seios e principalmente com ancas. Surpresa: dois umbigos: a Lagoa da Conceição e a Lagoa do Peri.

A Ilha é uma mulher bonita de dorso verde e dourado, costões sensuais, reentrâncias promissoras, praias abertas e coxas hospitaleiras, tem sexo híbrido - varonil como um promontório, abrigado como enseada de filme de pirata.

Vista do satélite, não passa de um pontinho reticulado a nordeste daquele rabinho da América, parecendo filhinha desgarrada da terra-mãe. De perto é como uma filha provocante. Electra e elétrica, luxúria pura, constante ameaça de um incesto ao sol.

O mar da Joaquina é agressivo, a praia é dócil e feminina como a mulher que lhe emprestou o nome. Mítica mulher solitária, mistura de Medusa e Iemanjá, que costumava passear pela praia nos fins de tarde, verão ou inverno, bela como uma princesa, triste como uma Julieta Capuletto, infeliz no amor. Mas, de qualquer maneira, fiel como as mulheres de Atenas.

O mar que banha Desterro é o mesmo que emocionou Melville e Hemingway e que os inspirou em Moby Dick e O Velho e o Mar. Mas o que enlaça a Ilha é ainda mais belo, faria ajoelhar-se diante de si poetas como Shelley, Miguel Torga ou Neruda, compositores como Beethoven, Mozart, Wagner - este, para os dias de ondas fortes, surfistas cavalgando pranchas. Além de Dorival Caymi, para o caso de ser doce morrer no mar.

Os açorianos construíram suas casas de costas para o mar, como se não desejassem mais vê-lo depois de desembarcados. O mar era seu escritório, devia lembrar trabalho duro. Assim, do trapiche da Praia do Muller era possível admirar-se a sucessão de galinheiros à beira-mar - espanta que não nascessem aves com escamas.

O mar. Aquela vítrea gelatina azul-esverdeada, crescendo como corcova de camelo aquático, escorregando com estrondo no tobogã de arrebentação, para desfazer-se na areia em mil esculturas de cristal líquido. Mar igual - ou parecido - é muito difícil de se encontrar neste planeta. Talvez, disse-me um velho navegador, nas Bahamas, no Hawai, no Thaiti ou no Sri Lanka, o antigo e lendário Ceilão.

A beleza da Ilha é imensa como uma marinha de Pancetti, mas um arrastão dos elementos pode torna-la de uma hora para outra selvagem e expressiva como um filme de David Lean.

O vento sul é um ilhéu típico, que fala com chiado e que, ao contrário dos magos de ocasião, consegue facilmente entortar árvores e encrespar oceanos. Foi conversando com esse ilhéu que Cruz e Souza empinou seu verso simbolista e achou raras onomatopéias para descrevê-lo:

Tu que penetras velhas portas,
Atravessando por frinchas...

E sopras, zargunchas, guinchas,

Nas ermas aldeias mortas.


Nada o detém quando ele bufa e escoiceia, no que há de ser a farra eólica do tempo. Ele se transforma então no vagabundo que rosna sonolento, leva longe o seu lamento, mas sua ferocidade é efêmera. E inócua. Se tanto, desmancha os cabelos da figueira, ou adianta o relógio da Catedral, que nesses dias perde a sua orgulhosa exatidão de Big-Bem.

Já tem 270 anos, mas parece que tudo começou dijaôji.

Sérgio da Costa Ramos

23 de março – aniversário da cidade – de 1995